sexta-feira, 7 de março de 2014

A Seita de Qumran e o Cristianismo

No entusiasmo dos primeiros dias de descoberta, antes que o material escrito pudesse ser adequadamente avaliado, alguns notaram diversas semelhanças superficiais entre o ensino e a prática de Qumran e os do Cristianismo. Conclui-se rapidamente que as origens do Cristianismo deviam ser buscadas nesta seita judaica (os essênios). Considerações mais abalizadas, porém, mostra que este quadro é bastante falso. As diferenças entre os dois sistemas são enormes e não existe qualquer fundamento para pensar que o Cristianismo está ligado á seita de Qumran.

Passaram-se cerca de 68 anos desde o dia em que um jovem pastor beduíno da tribo dos Ta’amireh descobria acidentalmente numa gruta inacessível junto a Wadi Qumran, à beira do Mar Morto, um grupo de antigos manuscritos hebraicos e aramaicos depositado em jarras.

Os resultados dessas descobertas são igualmente conhecidos: das onze grutas recuperaram-se milhares de fragmentos provenientes duns 800 manuscritos diferentes; tais manuscritos cobrem a totalidade da Bíblia hebraica e uma grande quantidade de escritos em que nos são revelados a organização, as crenças e as aspirações religiosas da antiga seita judaica.

Um dos elementos mais sensacionais dessa descoberta foi à antiguidade dos textos: todos os manuscritos são anteriores à catástrofe do ano 70 e uma boa parte procede dos séculos II e I aC. Outro elemento fascinante é que agora, pela primeira vez, possuímos uma grande quantidade de obras religiosas que chegam diretamente até nós completamente livres de qualquer intervenção posterior; tanto da intervenção da censura judaica, como da censura cristã.

A razão para as semelhanças superficiais nos ensinamentos está no fato de que o Cristianismo toca repetidamente e rapidamente na maneira de pensar do povo judeu da época e oferece a sua própria solução. O problema é que o Cristianismo como nós conhecemos se distanciou enormemente do judaísmo do primeiro século, deixando as raízes do judaísmo para trás a partir do quarto século Greco-romano. Portanto, não existe nenhuma evidência clara de qualquer contato direto com a comunidade de Qumran e os primeiros seguidores de Jesus e muito menos do Cristianismo pós-quarto século. 





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