sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

A fascinante religião pré-histórica da Inglaterra

Santuário de Stonehenge, foto By: Z3 View

Primeira parte

Zé Carlos
Neste post você encontrará o resumo do resumo de um estudo, onde analiso as evidências da religião pré-histórica dos antigos habitantes da Inglaterra.

O livro “The Pagan Religions of the Ancient British: Their Nature and Legancy”, de Ronald Hutton historiador e professor do Bristol University, foi o fator que me motivou a fazer está pesquisa.

Uma das descobertas mais fascinantes da minha vida tem sido de que a maioria do que estamos acostumados a chamar de espiritualidade teria sido sem sentido para os antigos habitantes da Inglaterra. Por espiritualidade quero dizer todo o cristianismo ortodoxo. Esta conclusão não foi fácil, nem foi súbita: ela veio a mim ao longo dos anos, como resultado de muito estudo e pesquisa.

Grã-Bretanha pré-histórica

Há uns 15.000 anos atrás a Grã-Bretanha não era um conjunto de ilhas. Nessa época, o sul da ilha estava ligado à Irlanda e a Europa Continental por uma ampla ponte de terra, no local ocupado atualmente pelo Canal da Mancha, permitindo a livre movimentação entre os dois territórios que era coberto de gelo da última Era Glacial.

Mesmo assim, o homem chegou ao território há cerca de 40.000 anos, no período Paleolítico (Idade da Pedra) onde ocorreu a mais antiga ocupação do território pelo homem.

Mas devido às condições difíceis da última Era Glacial, fugiram para o sul. Há cerca de 10.000 anos atrás, o clima do Planeta Terra começou a esquentar. O nível do mar subiu com o derretimento das placas de gelo, separando a Grã-Bretanha do continente europeu por volta de 6.000 anos atrás.

As pessoas que viviam nas ilhas da Grã-Bretanha eram descendentes dos primeiros humanos modernos, ou Homo Sapiens, que chegaram ao norte da Europa cerca de 30.000 - 40.000 anos atrás.

Numa terra praticamente virgem, homens, mulheres e crianças viviam em bandos isolados uns dos outros, os maiores podiam chegar a 200 pessoas. Alimentavam-se do que conseguiam com uma agricultura muito rudimentar, da caça e do que simplesmente catavam no mato. Eram seminômades, ou seja, ficavam num lugar apenas tempo suficiente para comer o que estava ao seu alcance, aí levantavam acampamento e iam embora. Suas vilas não eram nada mais do que simples acampamentos. Não construíam muita coisa além de totens ou amontoados de pedras. Não criaram escritas. Não tinham sistema político e seus líderes eram uma mistura de patriarca com guia espiritual.

Com a introdução da agricultura, as pessoas aprenderam a produzir em vez de adquirir sua alimentação, é amplamente considerada como uma das maiores mudanças na história humana.
Esta mudança aconteceu diversas vezes em vários lugares diferentes ao redor do mundo. O conceito de agricultura que atingiu a Grã-Bretanha entre cerca de 5.000 a.C. e 4.500 a.C., se espalhou por toda a Europa a partir de origens na Síria e no Iraque entre cerca de 11.000 a.C. e a.C. 9.000.
A mudança de um caçador-coletor para um modo de vida de produção agrícola é o que define o início do Neolítica ou Nova Idade da Pedra.
2.700 a.C., uma nova cultura chegou à Grã-Bretanha. As fases megalíticas de Stonehenge datam a esse período. Foi nesse período que a Idade do Bronze chegou à Grã-Bretanha. Durante os próximos mil anos, o bronze gradualmente substituiu a pedra como o principal material para a confecção de ferramentas e armas.
Por volta de 750 a.C. a técnica do trabalho em ferro chegou a Grã-Bretanha do sul da Europa. O ferro mais forte e mais abundante do que o bronze prevaleceu, e sua introdução marca o início da Idade do Ferro. O trabalhar em ferro revolucionou muitos aspectos da vida. Os celtas são considerados os introdutores da metalurgia do ferro na Grã-Bretanha, dando origem naquele continente à Idade do Ferro.

Os celtas viviam da agricultura em pequenos grupos de vilarejos no centro de suas plantações. Era um povo que também praticava a guerra e lutaram bastante contra a população que já vivia na Grã-Bretanha e contra outras tribos celtas.

A sociedade céltica era costumeiramente organizada através de clãs, onde várias famílias dividiam as terras férteis. A hierarquia mais ampla da sociedade céltica era composta pela classe nobiliárquica, os homens livres, servos, artesãos e escravos. Além disso, é importante destacar que os sacerdotes, conhecidos como druidas, detinham grande prestígio e influência.

A religiosidade dos celtas era marcada por uma série de divindades que possuíam poderes únicos ou tinham a capacidade de representar algum elemento da natureza ou animal. Com o passar do tempo, alguns mitos e deuses foram incorporados pelo paganismo romano e, até mesmo, na trajetória de alguns santos cristãos.

Os romanos protagonizaram a primeira grande invasão à Grã-Bretanha em 44 a.C.. As terras  que hoje são do Reino Unido foi parte do império romano por 400 anos. Até hoje, não é difícil encontrar pelo Reino Unido muitos sinais do império romano, como ruínas, estradas, fortes, casas de banho, monumentos, etc.
Por volta do ano 400 d.C. os anglo-saxões invadiram a Grã-Bretanha. A parte conquistada, entretanto foi dividida em diversos reinos, que muitos hoje são condados com os mesmos nomes. Lembre-se que até então não existiam os nomes Inglaterra, Escócia, País de Gales ou mesmo Reino Unido.
Lá pelo ano de 790 d.C., os Vikings dominaram a Grã-Bretanha por aproximadamente 300 anos e foram em grande parte responsáveis por algumas divisões políticas até hoje existentes no Reino Unido.
Religião primitiva no Paleolítico (30.000 – 10.000 a.C.)
Indícios arqueológicos demonstram que a área hoje conhecida como o sul da Inglaterra foi povoada bem antes do restante das Ilhas Britânicas, devido ao clima ameno entre e durante as diversas idades do gelo. É neste período que começa nosso estudo.
Apesar de convencionar-se a consolidação da religião no período Neolítico, a arqueologia registra que no Paleolítico houve uma religião primitiva baseada no culto à mulher da Grande Deusa Mãe. A Deusa era a grande Mãe Natureza, geradora, sustentadora e fonte de toda a vida.
Grande Deusa Mãe de Willendorf
Quando o homem adquiriu noção das estações do ano, esboçaram-se as primeiras idéias sobre a Roda do Ano (A Roda do Ano ou Círculo Sagrado, é o que simboliza a concepção de tempo do homem primitivo e posteriormente dos Celta. Eles não viam o tempo de forma linear, mas circular, cíclico). Havia um período quente e fértil, onde se realizavam as colheitas e a natureza mostrava todo seu esplendor. Neste período, reinava a Deusa em seu aspecto de Mãe Fértil. Mas havia outro período, o frio e escuro, quando as folhas das árvores secavam e caíam e tudo parecia estar morto.
O povo voltava a depender da caça para sobreviver, pois não podia viver dos alimentos coletados. Quem regia este período era o Deus da Morte (nesta época nasceram também os primeiros conceitos sobre a vida após a morte). As culturas desenvolveram-se com o passar dos séculos, e novos aspectos dos deuses foram descobertos. Cultos religiosos se estruturaram, centrados nos ciclos de nascimento, morte e renascimento da natureza. O tempo da plantação e o tempo da colheita eram muito importantes, marcados com festivais.

Roda do Ano
Este homem, o homem Neandertal da Grã-Bretanha é caracterizado como de altura baixa (em média 1.6 m), musculatura vigorosa, poderosa mandíbula e crânio desenvolvido. Ele era do frio, já que na Grã-Bretanha havia glaciações. Para se proteger do frio, ele se instalava em cavernas ou construía tendas de pele. Caçava, pescava, cozinhava seu alimento e fabricava instrumentos de pedra. Além disso, o Neandertal enterrava seus mortos. A prática do sepultamento revela uma preocupação com a vida após a morte, outro aspecto recheado de significados é a posição em que o corpo é encontrado, ele é virado para o leste, marcando a intenção de tornar o destino da alma solidário com o curso do sol, com a esperança de um renascimento. E também é posto em forma fetal, tendo a terra, no caso a cova, o simbolismo do útero. Oferendas e diversos tipos de adornos foram encontrados, que provavelmente serviriam para acompanhar na vida após a morte.
Sepultamento pré-histórico no Paleolítico

Neste blog você irá encontrar uma reunião de informações dos mais diferentes seguimentos do saber, das ciências e das artes.
Espero que gostem, aguardo seus comentários e sugestões. Z3view@gmail.com




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